Arrecadação e PIB em 2024
(Ao traçarmos um paralelo com o Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, fica evidente que a carga tributária cresceu mais do que a economia.)
Lucas Borges*
Em 2024, o Brasil registrou um marco histórico em sua arrecadação federal, que alcançou R$ 2,65 trilhões, segundo dados recentes do Ministério da Economia. Esse recorde foi impulsionado por dois fatores principais: o aumento de impostos em vários setores e o crescimento da economia. No entanto, ao traçarmos um paralelo com a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, fica evidente que a carga tributária cresceu mais do que a economia, reforçando o peso dos tributos sobre as empresas e a necessidade de uma gestão tributária ainda mais eficiente.
Comparativo entre Arrecadação e PIB
A arrecadação federal de 2024 apresentou um crescimento real de 9,62% em relação a 2023, totalizando R$ 2,653 trilhões.
Em contrapartida, as estimativas para o crescimento do PIB em 2024 variam entre 3,5% e 3,7%, conforme projeções de instituições como o Banco Central e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Essa discrepância indica que a arrecadação tributária cresceu em um ritmo significativamente superior ao da economia, aumentando a carga tributária sobre as empresas.
O Contexto Tributário Brasileiro
O aumento da arrecadação foi influenciado pela implantação da recente reforma tributária, que trouxe mudanças estruturais significativas. Entre as principais medidas está a substituição de impostos como ICMS e ISS pelo novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), com o objetivo de simplificar o sistema tributário e reduzir a cumulatividade. Contudo, na prática, a transição tem gerado desafios para empresas, especialmente em termos de compliance e planejamento tributário.
Essa discrepância indica que a arrecadação tributária cresceu em um ritmo significativamente superior ao da economia, aumentando a carga tributária sobre as empresas.
Desafios para as Empresas
O aumento da carga tributária afeta diretamente os custos operacionais das empresas. Setores como comércio, serviços e indústria têm enfrentado maior pressão, com margens de lucro reduzidas e maior complexidade para manter a competitividade em um mercado globalizado. Além disso, os investimentos em tecnologia para adaptação aos novos sistemas fiscais se tornaram indispensáveis, elevando ainda mais os custos.
Outro ponto crítico é a necessidade de planejamento tributário eficiente. Empresas que não se adaptarem rapidamente podem enfrentar riscos de multas e penalidades, além de perderem oportunidades de otimização fiscal oferecidas pelas novas regras.
Oportunidades no Cenário Atual
Apesar dos desafios, o cenário também apresenta oportunidades. A reforma tributária visa tornar o ambiente de negócios mais transparente e previsível a longo prazo, o que pode atrair investimentos estrangeiros e aumentar a competitividade do Brasil no mercado internacional. Empresas que investirem em soluções tecnológicas e em capacitação de suas equipes estarão melhor posicionadas para se beneficiar dessas transformações.
Além disso, setores com maior potencial de crescimento, como o de energia renovável e tecnologia, podem encontrar condições mais favoráveis para expansão, especialmente em um contexto de incentivos fiscais direcionados.
O Papel dos líderes
O momento exige uma postura proativa e estratégica. Algumas medidas recomendadas incluem:
Revisão da Estratégia Tributária: Avaliar como as mudanças tributárias impactam as operações e identificar oportunidades de redução de custos.
Investimento em Tecnologia: Adotar sistemas de gestão tributária que aumentem a eficiência e reduzam erros.
Capacitação de Equipes: Garantir que as equipes estejam preparadas para lidar com as novas exigências.
Monitoramento do Cenário: Manter-se atualizado sobre as novas regulamentações e suas implicações.
Considerações Finais
O recorde de arrecadação federal reflete um Brasil em transformação, onde o crescimento econômico e as mudanças tributárias criam um ambiente dinâmico e desafiador. Para os empresários e CEOs, a chave está em transformar desafios em oportunidades, adotando uma abordagem adaptável e inovadora para garantir a sustentabilidade e o crescimento de seus negócios.
*Lucas Borges, pesquisador e financista, especialista em Private Equity pela HBS e Financial Accounting pela LSBF.
Membro do Comitê de Empresas Familiares do Insper e Membro do Harvard Alumni Club Brazil (HACB)